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Trabalho mais fácil para habilitações mais altas coloca problema de desigualdade
Os candidatos a emprego com maior grau académico conseguem trabalho mais facilmente que os que têm baixas qualificações. Isto coloca «um problema grave de igualdade de acesso», afirmou esta segunda-feira o secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, diz a «Lusa». Falando em Faro, no início de um seminário sobre igualdade de oportunidades no trabalho e emprego, Medina Correia observou que, em 2006, 400 mil empregos foram obtidos por pessoas com o 12º ano ou superior e apenas 265 mil tinham o básico. Contudo, enunciou, essa proporção é inversa da que se verifica no mercado de trabalho, pois 70 por cento da população portuguesa não chega a ter o 12º ano, contra 30 por cento que têm aquele grau académico ou habilitações de nível superior. «Isto coloca-nos um grave problema de risco de exclusão social, que temos que ser capazes de resolver», sublinhou o governante, durante a sessão de abertura do seminário, na Universidade do Algarve, organizado pela Comissão de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública da Assembleia da República. Sustentou que essa desigualdade no acesso ao trabalho tem tendência para se manter e até acentuar, e que nos próximos anos não é crível que o País crie proporcionalmente mais empregos de baixa qualificação. Estes novos dados surgem depois de uma década, a de 90, em que, disse, Portugal teve «um comportamento dual» em matéria de emprego, pois cresceram as necessidades nos dois extremos das qualificações dos candidatos. A criação de empregos de baixa qualificação estava assegurada pelos investimentos multinacionais, de que foi um exemplo as fábricas de cablagens, e pela construção civil. Todavia, a deslocalização das empresas estrangeiras, que estão a sair de Portugal em procura de mais baixos salários e a crise na construção civil estão a deixar o País sem oferta de emprego para os jovens e desempregados que não ultrapassaram o básico, disse Medina Correia. Salientando que o emprego é «o elemento central em matéria de inclusão social», o secretário de Estado evocou outro elemento de desigualdade social: as diferenças no emprego entre homens e mulheres. Observando que as mulheres portuguesas vêm ocupando progressivamente mais postos de trabalho (62 por cento do total de mulheres trabalha), Medina Correia afirmou que a realidade concreta desses empregos é-lhes desfavorável, nomeadamente em relação a salários e tempo de trabalho. Segundo os últimos dados disponíveis, em 2003 a média de salários das mulheres era de apenas 76 por cento da dos homens, o que «reflecte a tendência de diferença de dificuldade de acesso a chefias e lugares mais bem remunerados dentro das empresas». O secretário de Estado enfatizou que o número de mulheres desempregadas é superior ao de homens e sustentou a necessidade de ter políticas de discriminação positiva nos próximos anos. Fonte: Agência Financeira 05-11-2007
06-11-2007
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