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Região Norte concentra o menor número de trabalhadores ligados às profissões intelectuais, cientificas e técnicas
A região Norte é, em relação ao resto do país, aquela onde existe uma menor concentração de trabalhadores ligados às profissões intelectuais, científicas e técnicas, revela um estudo da Universidade do Porto hoje divulgado. De acordo com a investigadora Cristina Parente, que falou à agência Lusa à margem da apresentação do estudo "A Região Norte de Portugal: dinâmicas de mudança social e recentes processos de desenvolvimento", existe mesmo um "retrocesso" relativamente a estas profissões na região Norte. "Trata-se de uma tendência chocante porque, no nosso ponto de vista, significa que não está a haver integração do potencial que existe na região, ou se há ela não é reconhecida em termos profissionais", reflectiu a investigadora. Numa análise da estrutura empresarial da região Norte durante o período de 1988 a 2004, inserida no estudo levado a cabo por cerca de uma dezena de investigadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a investigadora inferiu a "permanência de um perfil de especialização sectorial de dinamismo e consolidação frágil". A comprová-lo Cristina Parente refere-se à ausência de uma "vocação económica consistente", à fraca concentração empresarial, com um elevado número de micro-empresas, e "à presença de uma indústria transformadora intensiva em mão-de-obra, de fraco valor acrescentado e pouco competitiva". No estudo, reflecte-se igualmente uma tendência de crescimento do sector terciário pouco qualificado e um decréscimo na criação de novas empresas (com quatro ou menos anos) e na sua consolidação (com mais 10 anos). Na base da análise feita a empresas privadas estiveram os quadros de pessoal do período analisado, bem como os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, pelo Eurostat, pelos ministérios do Trabalho e da Educação e pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. Segundo o estudo elaborado pelos investigadores da Faculdade de Letras, a região Norte foi entre 1990 e 2003 a região do país com mais baixa remuneração média anual. Em 1990 um trabalhador da região ganhava, em média, 5,8 mil euros ano, contra os 6,6 mil euros que era a média nacional naquele ano. Treze anos depois, as remunerações em termos nominais aumentaram, mas a relação entre a média da região e a nacional manteve-se. Em 2003, um trabalhador do Norte ganhava 15,1 mil euros anuais, enquanto a média do país chegou aos 17,4 mil euros, com a região do Vale do Tejo e a Região Autónoma da Madeira a registarem salários anuais acima da média. Segundo o estudo realizado por uma equipa do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o rendimento disponível das famílias per capita da região Norte permaneceu assim entre 1993 e 2003 abaixo da média nacional, assim como o indicador de poder de compra per capita. Os investigadores salientam ainda as assimetrias inter-regionais verificadas quer ao nível litoral/interior, quer em relação aos concelhos urbanos/concelhos rurais. Apesar de tudo, o estudo conclui que ao longo do período analisado foi possível inferir uma evolução favorável das condições de qualidade de vida das populações. A região Norte, seguindo a tendência nacional, assistiu ao crescimento da participação das mulheres na vida profissional activa, aumentando também a quantidade de indivíduos que beneficiam de pensões, subsídios e outras formas de apoio social. Relativamente à habitação, os autores salientam as melhorias consideráveis da situação dos residentes nas últimas duas décadas em termos de conforto (infra-estruturas, equipamentos domésticos, condições de alojamento). Alertam no entanto para a persistência de zonas na região onde as condições de vida se mantêm severas e onde as infra-estruturas habitacionais básicas continuam a ser incipientes. Fonte: RTP/LUSA 05-11-2007
06-11-2007
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